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Estação Metroviária Alto do Ipiranga SP

Estação Metroviária Alto do Ipiranga SP

Estação Alto do Ipiranga

Trata-se de uma estação metroviária, localizada em São Paulo (SP), o projeto foi finalizado em 2004 e a obra no meio do ano de 2007.
O terreno tem aproximadamente 3.622 m2, com 8.600 m2 de área construída. O projeto foi concebido por uma equipe no qual  Ílvio Silva foi o autor do projeto base, Sônia Regina, Fernanda Gomes, Adriano Santoro e Guilherme Petrella responsáveis pelo projeto executivo, paisagismo e comunicação visual.
Foi elaborada uma estação inovadora com uma estrutura basicamente metálica e de concreto, coberto por uma clarabóia composto por peças de vidro laminado refletivo de 10 mm, com proteção térmica, que permite que a iluminação natural adentre facilmente, sem interferir no conforto ambiental, proporcionando sensação de liberdade aos que ali se encontram.

A transparência também está presente no caminho de quem chega à estação pela avenida Gentil de Moura e depara com fechamentos verticais de vidro, ancorados em perfis de alumínio anodizado. Delgados, esses perfis formam uma espécie de corredor em direção às bilheterias, que possuem vidros de segurança. Piso de granito, holofotes cenográficos, lixeiras em chapa de aço inoxidável e placas indicativas emolduradas por laminado melamínico reforçam o visual high tech.

Externamente, a estação é cercada por gradis com barras de aço inox inclinadas, que ampliam o espaço dos transeuntes na calçada. Em homenagem ao bairro do Ipiranga, onde foi proclamada a independência do Brasil, a estação ganhou as cores da bandeira nacional: o verde, o azul e o amarelo tingem paredes, insufladores de ar, passarela e outros locais, compondo um cenário mais alegre que o das estações mais antigas.

A iluminação artificial cria um espaço cenográfico internamente. Luzes coloridas voltadas para o teto valorizam e suavizam o concreto aparente. O sistema luminotécnico destaca, ainda, os painéis decorativos aplicados ao longo das paredes do túnel da estação. Esta também inova no paisagismo, ao utilizar espécies nativas e frutíferas, que, ao atrair pássaros, contribuem para tornar o entorno mais agradável.

Medidas milimétricas

Nos trechos mais elevados, as estruturas primárias de sustentação da clarabóia da estação se apóiam em cinco pilastras de concreto e, na parte mais baixa, em muro de concreto de cerca de um metro de altura. Contratada pelo consórcio CBPO/Odebrecht, a Construmet executou a estrutura metálica para receber os vidros, de acordo com projeto desenvolvido pela Maubertec. A estrutura principal compõe-se de anéis circulares de aço com tubos de oito polegadas. São três anéis – o maior com 26 metros de diâmetro -, soldados em montantes com oito polegadas de diâmetro.

Com peso de 40 toneladas, a estrutura de aço da clarabóia foi calandrada na fábrica da Construmet, com curvaturas que transformaram tubos retos em anéis. Parafusada, a estrutura secundária compõe-se de perfis tubulares de três polegadas. “A estrutura recebeu os vidros com precisão milimétrica, com o auxílio da topografia, sem a necessidade de retrabalho”, observa Wilson Ramos Filho, diretor da Construmet. O ponto mais delicado da instalação foi o posicionamento inclinado do primeiro anel, tendo como referência o eixo central do cone.

Para as chapas de vidro do fechamento da clarabóia foram obtidas 140 medidas diferentes, devido ao eixo inclinado do cone, que originou dois ângulos – um a partir do telhado e outro na sua base. Além disso, apesar de alguns quadros serem simétricos à esquerda e à direita, as peças tiveram de ser cortadas ao inverso, pelo fato de os vidros serem refletivos e terem tons diferentes de verde em cada face. Os vidros foram protegidos por uma camada de polímero hidrorrepelente, que sela a porosidade microscópica de sua superfície, evitando a oxidação e o envelhecimento e facilitando a limpeza da cobertura.

Vidro encapsulado

Na clarabóia a Avec Design empregou o sistema de vidro encapsulado em silicone (VES), tecnologia que patenteou há cerca de dez anos e que se aplica a peças planas e curvas. “As dimensões dos vidros foram definidas virtualmente sobre o projeto da estrutura principal, em 3D. E acompanhamos a montagem, gabaritando fisicamente cada módulo, para garantir as medidas teóricas durante a implantação da estrutura secundária, que receberia os painéis VES”, explica José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design. Por exigência do prazo estabelecido para a entrega da obra, a montagem da estrutura e a fabricação dos vidros tiveram de ser simultâneas.

O método VES consiste no uso de perfis de borracha de silicone HTV colados estruturalmente no perímetro da placa de vidro, de modo que a peça encapsulada resulte num corpo rígido central com bordas
flexíveis, proporcionadas pelo composto siliconado. “Tecnicamente, o sistema ofereceu facilidade de aplicação, pois um caixilho metálico convencional seria inviável”, informa Aceto.

Ele explica que a borracha de silicone vulcanizada a alta temperatura (HTV) é um elastômero inorgânico, compatível com o vidro – ambos são à base de sílica. Assim, consegue-se obter um painel emborrachado, com medidas precisas, que pode ser aplicado em qualquer tipo de estrutura, seja de alumínio, de aço ou de madeira. Segundo Aceto, o sistema não gera retrabalho nem vazamento, porque os acessórios são formados por silicone estrutural e as garras e presilhas são de aço inoxidável. Além da colagem, as garras ajudam a sustentar o peso do painel horizontalmente durante a cura do silicone, ao passo que as presilhas fazem o mesmo papel no sentido vertical. Ambas ficam incorporadas ao conjunto.

Para efeito de comparação, Aceto comenta que as borrachas orgânicas originárias do carbono (petróleo ou seringueiras) sofrem degradação, trincam e perdem a flexibilidade. O silicone, por sua vez, é o único elastômero inorgânico que não tem carbono em suas moléculas, o que o torna mais resistente ao envelhecimento e às radiações ultravioleta. “Essas borrachas inorgânicas oferecem excelente desempenho a altas e baixas temperaturas, encontrando aplicações em aeronaves, espaçonaves e até em fornos de fogões”, exemplifica o diretor da Avec Design.

Passarela de transferência

A estação Alto do Ipiranga também se destaca por seus elementos de circulação de usuários, como a passarela que transpõe os trilhos. Com estrutura metálica modulada e lajes do tipo steel deck, ela fica totalmente suspensa no ar, sem nenhuma pilastra, liberando espaço para os usuários nas plataformas laterais de chegada e saída dos trens. Sua estrutura está fixada ao teto do túnel por dez tirantes de cada lado.

Essa passarela de transferência funciona como um mezanino entre a praça de distribuição das escadas rolantes e as plataformas de embarque/desembarque. Nela foram instalados, em ambos os lados, escadas metálicas com corrimãos de aço inoxidável e guarda-corpos de vidro laminado.

Sistema construtivo

Com poço central de 32 metros de diâmetro, a estação subterrânea foi executada pelo método não destrutivo. A arquiteta Sônia Regina explica que o novo conceito de posicionamento do poço de emboque, escavado para o início dos trabalhos, mostrou ser uma solução mais rápida e econômica. Isso porque se diminuiu sensivelmente a quantidade de escavação da obra enterrada, uma vez que não foi preciso abrir túneis de ligação – geralmente utilizados como elementos de transição entre as estruturas verticais do poço e o túnel que abriga o corpo da estação.

A seção do túnel da estação, com pé-direito duplo, para acomodar a passarela de transferência e os dutos de insuflação de ar, também é uma característica inovadora. Além de valorizar a amplidão do corpo da estação, tornando-o mais arejado, dilui a sensação da grande profundidade em que está situado, observa a arquiteta.

As escadas rolantes são mais rápidas que as usualmente instaladas pelo Metrô: vão a 0,75 m/s, superior aos 0,65 m/s das demais. Na ausência de pessoas, no entanto, a velocidade diminui para economizar energia. Também foi facilitado o deslocamento dos usuários, que não precisam dar voltas para chegar ao próximo patamar – as escadas vão surgindo pela frente, em seus três lances. Para circulação vertical existem ainda dois elevadores, um deles destinado a deficientes físicos.

Fonte: http://www.portaldoarquiteto.com/
26 de Dezembro de 2007 08:37 Vanessa Dessbesell